Depois de mais de 45 mil "tuits" contra a campanha anti-Dilma da Folha, Ombudman se manifesta.
Agora cabe a nós, eleitores ou não da Dilma, registrar a injustiça. Já que o público que lê o Ombudsman (creio eu) é infinitamente menor do que o que lê as chamadas de primeira página do jornal, precisamos reproduzir.
Vejam o texto do Ombudsman na folha de hoje:
OMBUDSMAN
SUZANA SINGER - ombudsman@uol.com.br @folha_ombudsman
O ATAQUE DOS PÁSSAROS
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A manchete de domingo desencadeou uma onda anti-Folha no Twitter, que o jornal ignorou
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A FOLHA VEM se dedicando a revirar vida e obra de Dilma Rousseff. Foi à Bulgária conversar com parentes que nem a candidata conhece, levantou a fase brizolista da ex-ministra, suas convicções teóricas e até uma loja do tipo R$ 1,99 que ela teve com uma parente no Sul. Tudo isso faz sentido, já que Dilma pode se tornar presidente do Brasil já no primeiro escrutínio que disputa.
Mas, no domingo passado, o jornal avançou o sinal ao colocar na manchete "Consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma". O problema nem era a reportagem, que questionava a falta de iniciativa do Ministério de Minas e Energia para mudar uma lei que acabava por beneficiar com isenção na conta de luz quem não precisava.
Colocar uma lupa nas gestões da candidata do governo é uma excelente iniciativa, mas dar tamanho destaque a um assunto como este não se justifica jornalisticamente.
Foi iniciativa de Dilma criar a tal Tarifa Social? Não, foi instituída no governo Fernando Henrique Cardoso. É fácil mexer com um benefício social? Não, o argumento de que faltava um cadastro de pobres que permitisse identificar apenas os que mereciam a benesse faz muito sentido. Existe alguma suspeita de desvio de verbas? Nada indica.
O lide da reportagem dava um peso indevido ao que se tinha apurado. Dizia que a propaganda eleitoral apresenta a candidata do PT como uma "eficiente gestora", mas que "um erro coloca em xeque essa imagem". Essa tem que ser uma conclusão do leitor, não do jornalista.
Uma manchete forçada como a da conta de luz, somada a todo o noticiário sobre o escândalo da Receita, desequilibrou a cobertura eleitoral. Dilma está bem à frente nas pesquisas de intenção de voto e isso é suficiente para que se dê mais atenção a ela do que a seu concorrente, mas, há dias, José Serra só aparece na Folha para fazer "denúncias". Nada sobre seu governo recente em São Paulo. Nada sobre promessas inatingíveis, por exemplo.
Os leitores perceberam a assimetria. Durante a semana, foram 194 mensagens à ombudsman protestando contra o noticiário, mas o maior ataque ocorreu no Twitter, a rede social simbolizada por um pássaro azul, que reúne pessoas dispostas a dizerem o que pensam em 140 caracteres. Até quinta-feira passada, tinham sido postadas mais de 45 mil mensagens anti-Folha.
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