terça-feira, 18 de janeiro de 2011

É preciso devolver a vida aos desabrigados. Quem se habilita?

Essas desgraças que estamos vendo na região serrana do Rio de Janeiro, em Minas Gerais e São Paulo são reações da natureza a várias ações do homem. A primeira é a falta de uma política séria de habitação; a segunda é o interesse político, pois combater dá mais ibope do que prevenir, mesmo que o primeiro resulte em muito mais recursos. E não é só isso, falta uma união séria de governos e sociedade civil organizada para estudar e desenvolver planos diretores que contemplem análise e planejamento adequados ao uso e ocupação do solo.

Não dá mais para ficarmos ouvindo os políticos falarem que tais lugares deveriam ter sido desocupados há muito tempo, se aquela acaba sendo a única opção de moradia de uma comunidade sofrida e só lembrada em campanhas eleitorais.  É fácil interditar as casas, proibir a entrada dos moradores. Difícil é oferecer uma outra moradia, esse é que é o desafio. E é nesse sentido que precisamos desafiar nossos políticos, com a condição de nunca mais serem eleitos. Afinal, isso está em nossas mãos.

Agora que o leite já foi derramado, duas ações precisam ser feitas. A primeira é devolver pelo menos o lar aos que perderam tudo. E não é possível que não haja lugar numa terra tão vasta como a nossa. A segunda é devolver para sempre à natureza o espaço e as árvores que lhe foram roubados. E isso só é possível com espírito de cidadania e com políticas sérias de meio ambiente e desenvolvimento urbano.

Ouvimos falar que o governo federal vai disponibilizar milhões para as famílias, para recompor as praças etc, etc, etc. Mas não se fala em devolver-lhes suas casas. Não há dinheiro suficiente? Então vamos nos unir, governos, sociedades, empresários. Isso é necessário. É pela sobrevivência! É pelo nosso povo, é pelo nosso país. Se essa união for séria e comprometida, não faltará ajuda.

Com a garantia de sobrevivência desse povo prejudicado pelas enchentes, é possível avançar. O programa “Minha Casa Minha Vida” do governo federal, por exemplo, se levado a sério pode garantir um futuro digno às pessoas com menor poder aquisitivo, sem correr riscos de hoje. Para isso, não faltam especialistas capacitados e interessados nessa causa.

Vamos ficar atentos à maneira como esses problemas serão resolvidos pelos nossos políticos. Dependendo da solução, devemos expurgá-los definitivamente de seus cargos. E isso, só nós eleitores é que temos condições.

Quanto à ajuda imediata, temos empresas, bancos, entidades como Fiesp, CNI, Sistema S, entre tantos outros. O povo brasileiro está dando o exemplo, haja vista o esforço de todos nas doações aos desabrigados. E na sociedade organizada, quem se habilita?

Foto: Agência Brasil