domingo, 23 de agosto de 2009

Ópio alimenta engrenagem da guerra afegã

Este é o título da reportagem que tá na Folha S.Paulo de hoje (23/8). O tráfico de heroína movimenta US$ 5 bilhões ao ano

Tão importante quanto parar de consumir drogas é deixar de contribuir para alimentar a querra afegã, que mata, talvez, a mesma quantidade de pessoas. Como está publicado na Folha, "fora do poder, Taleban fez aliança tática com o tráfico de heroína, que movimenta US$ 5 bilhões ao ano e avança no caos do país".

Aqui vai um trecho da matéria de Igor Gielos, enviado especial a Cabul, pelo jornal.


Zulmai Alzali tem 26 anos e fala confortavelmente numa sala refrigerada no centro de Cabul, envergando um terno marrom e o inglês aprendido nos seus anos de estudo nos EUA. No extremo leste da capital afegã, Farid Ahmad, 33, conversa em um dari sonolento deitado em um colchão num prédio decrépito e com poucas janelas intactas.

Os dois homens têm em comum estarem em pontas distintas do mesmo problema: as drogas no Afeganistão. O país produz 93% da matéria-prima para a heroína, o ópio extraído da papoula, e os estimados US$ 5 bilhões anuais obtidos com o comércio são a principal fonte de financiamento do Taleban.

Alzali é porta-voz do Ministério Antidrogas do Afeganistão. Ahmad, um viciado em ópio que tenta se recuperar numa das três clínicas dedicadas a isso no país, o Nejat Center."O Afeganistão tenta fazer sua parte, vamos tirar a papoula de 22 das 34 Províncias até o fim do ano. Mas não adianta, precisamos de ajuda verdadeira da comunidade internacional. O tráfico é mundial, as máfias são transnacionais, e são vocês que consomem a droga que produzimos", afirma Alzali, tomando o Brasil como parte do dito Ocidente.

Como um capitão Nascimento (de "Tropa de Elite"), ele aponta para os consumidores. "Sem o consumo, não há produção. Mas mesmo assim apenas os EUA e o Reino Unido gastam dinheiro contra as drogas aqui", afirma.De certa forma, a realidade pintada por ele ajuda a jogar Ahmad para as bordas da sectária sociedade afegã. Este é um país religioso, e o Corão não proíbe a produção de drogas, apenas seu consumo. Se já é um pária entre os seus, Ahmad acaba sendo esquecido por formuladores de políticas como Alzali como uma espécie de dano colateral do problema.

A ONU estima em 150 mil os usuários de ópio, que é fumado, e em 50 mil os de heroína, que é injetada. Isso perfaz expressivo 1,5% da população afegã -a média de usuários de opiáceos no Brasil é de 0,5%.

O resto você pode ler no jornal impresso ou na web, em conteúdo fechado.