A cidade está à deriva, kassab não cumpre as metas. Gestão pública? Não, agora o jogo dele é só o poder
Está na Folha de S.Paulo de hoje, que nos dois primeiros anos de gestão, 64 dos 223 compromissos assumidos pelo prefeito, tinham execução abaixo de 30%. Esse dado teve um alerta de “cuidado” no Relatório Anual da Agenda 2012.
A classificação de “atenção” foi conferida a outras 53 metas que não atingiram 50% de execução.
A Prefeitura se defende argumentando que as metas, que eram de 49% em 2010, atingiram 54% neste ano. Como se isso justificasse o caos que vemos e sentimos na cidade.
O que significa esse não cumprimento de metas? Muita coisa, eu posso responder com o meu modesto conhecimento. Vamos aqui apontar algumas.
Cadê as AMAs e os hospitais prometidos?
A saúde, por exemplo, que tem tamanha prioridade, foi simplesmente deixada de lado. Cadê as AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial) que o Kassab tanto falou durante sua campanha? Como está o atendimento?
Está claro, gente, muito claro de que foi só para conseguir voto. Está claro que ele não tinha intenção de continuar mais nada depois que fosse eleito. É muita ingenuidade de um povo acreditar nisso.
Nesse campo da saúde, havia a promessa de construir três hospitais. Ao que se sabe (e a informação está na própria Folha), não há nem licitação.
Mas, comitês na campanha ele sabe inaugurar. Veja quantos.
O caso GRAVE do hospital Socorabana, na Lapa
Além de não construir, o Kassab permitiu o fechamento de um importantíssimo hospital, o Sorocabana, da Lapa (zona Oeste). Sabe-se também, por denúncia feita pelo vereador Carlos Neder (PT), que aquele hospital viraria uma Igreja Universal.
E mais, que ali a corrupção rola solta (como diria minha filha), com recursos volumosos sendo desviados e com ele fazendo vistas grossas. Agora, depois das denúncias e por ver que a coisa pode pegar para o lado dele, já se fala em retomar as atividades do Sorocabana.
Cadê as creches tão prometidas às mães?
As creches também foram outro tema que o Kassab alardeou tanto na campanha eleitoral e que agora nem se cogita. Segundo a reportagem, a demanda que era de 57,6 mil no início desta sua gestão, chegou a 127,6 mil em março deste ano.
O lixo sem recolher e a sujeira me dão vergonha
A limpeza pública também é muito precária na cidade. Dá até vergonha dos turistas, porque vemos lixos em locais de muito acesso, tanto de pedestres quanto de carro, como a área central, região da Paulista, Itaim, Vila Olímpia, Brooklin... Na zona Leste, nem se fale.
Eu mesma, indignada, já fotografei pilhas de lixo nas proximidades da Praça da Sé e enviei a emissora de rádio. O que se sabe, e que – parece - ninguém fez nada contra, é que foram reduzidos os recursos para a limpeza pública, quando foi fechado o orçamento do município.
As ruas escuras me dão medo, insegurança
A iluminação é outro tema deixado de lado por esta administração. As ruas estão às escuras. É perigoso andar tanto a pé quanto de carro. Há ruas que ficam muito tempo com as luzes queimadas. Haja vista os bairros da Lapa, Perdizes, Vila Madalena, Vila Mariana, Paraiso, Vila Olímpia, Mooca e por aí vai...
Pelas metas, eram 16 mil pontos de iluminação com 260 mil lâmpadas de mercúrio a vapor. Eu só vi a troca de lâmpadas na Paulista. Estariam todas elas ali?
E os buracos, então... Esses aumentam e muito! É triste e vergonhosa a situação das ruas de São Paulo.
A “imparcialidade” da imprensa
As outras metas que não foram cumpridas estão na Folha de hoje (acesso a assinantes). Dá uma olhada lá.
Mas, não se assuste, não espere muito da reportagem, porque o jornal não deu a devida ênfase aos maiores problemas. Para mim, ficou claro que a Folha quis mostrar que cumpriu seu papel de “imparcialidade” publicando a reportagem. Mas teve todo o cuidado de não falar muito mal do prefeito. Só pelo quadro que ela publica na página do UOL já se percebe. Ali, as metas não cumpridas são colocadas de forma “bem leve”, para não chocar (sabe como é?).
É uma pena que um jornal como a Folha, com a penetração que tem, ainda se preste ao papel de jogar o lixo para debaixo do tapete. Com isso, acaba sendo muita cara de pau levantar a bandeira da imparcialidade.
E como (re)age o prefeito diante de tudo isso?
Diante de todos esses fatos, qualquer político que fosse digno do nosso voto estaria muito preocupado com os problemas. Essa situação de (quase) abandono em que a cidade se encontra deveria servir de exemplo para que um prefeito arregaçasse as mangas e fosse ao trabalho. Mesmo sabendo que não conseguiria fazer tudo, pelo menos tentaria fazer o máximo.
Mas, infelizmente não é isso o que vemos. Ontem por exemplo, enquanto moradores de rua faziam manifestação em frente à Câmara Municipal, pedindo dignidade e mais segurança nos albergues, o nosso prefeito estava na cidade maravilhosa. Sabe o que ele estava fazendo lá? Negociando apoio político com o governador carioca Sergio Cabral.
O que a busca pelo poder não faz
Desde que deixou o Democratas e fundou seu próprio partido, o PSD, o Kassab não faz outra coisa a não ser buscar apoios políticos. Aliás, antes mesmo ele já havia largado a cidade de São Paulo nas mãos de seus secretários, para se dedicar à sua nova meta: ter o poder nas mãos e ser o político mais influente do Brasil.
Benefícios para o povo? Gestão pública? Ora, isso não dá poder nem dinheiro! Isso é assunto para cientista político e sociólogo!
Infelizmente temos notado que a gestão pública paulista e paulistana está longe de ser 'do povo e para o povo'. Ela atende interesses particulares de elites ou de pequenos aglomerados (afinal, o sr. prefeito tem se ocupado ultimamente muito mais com a criação de um novo partido do que com a administração da maior cidade da América Latina).
ResponderExcluirCreio que se ele assumiu que há atraso de 29% no cumprimento das metas, a verdade provavelmente mostrará que são uns 60%. Ou não mostrará, já que, como bem dito, há veículos que não se importam em escancarar seus tapas com luva de pelica.
Enquanto o principal meio de denúncias (a imprensa) continuar com esse papel medíocre de "denunciar mas nem tanto", infelizmente nosso único poder será mesmo o do voto.
E enquanto uma manifestação por metrô for considerada "coisa de 50 ou 60 pessoas", nenhuma ação planejada pela própria população será legitimada. Sempre que uma manifestação popular for coibida com a violência por uma guarda (e por uma polícia MILITAR) completamente despreparada, infelizmente nossa única voz só será ouvida a cada quatro anos.
É, você tem razão. Então, precisamos aproveitar os canais oferecidos pela internet para propagar essa nossa voz, esse nosso poder, o de não eleger figuras como essa.
ResponderExcluirGrande abraço!